ATA DA AUDIÊNCIA PÚBLICA REALIZADA COM O OBJETIVO DE
DEBATER A SEGURANÇA PÚBLICA NO BAIRRO HUMAITÁ – PRIMEIRA SESSÃO LEGISLATIVA
ORDINÁRIA DA DÉCIMA QUINTA LEGISLATURA, EM 15-12-2009.
Aos quinze dias do mês de
dezembro do ano de dois mil e nove, reuniu-se, no Serviço Nacional de
Aprendizagem do Transporte – SENAT –, na Avenida José Aloísio Filho, nº 695, a
Câmara Municipal de Porto Alegre. Às dezenove horas, o Vereador Mauro Zacher
assumiu a presidência e declarou abertos os trabalhos da presente Audiência
Pública, a qual teve como Mestra de Cerimônias a senhora Jussara Marcantônio
Borges, destinada a debater a questão da segurança pública no Bairro Humaitá,
conforme requerido pela Associação dos Moradores do Bairro Humaitá, nos
termos do Edital publicado no Diário Oficial de Porto Alegre do dia trinta de
novembro do corrente (Processo nº 5259/09). Compuseram a Mesa: o Vereador Mauro Zacher,
presidindo os trabalhos, os vereadores Sebastião Melo, Mauro Pinheiro e Dr.
Raul e a vereadora Sofia Cavedon; o Primeiro-Tenente Sidnei Queiróz Nery,
representando a Brigada Militar; o Delegado Flavio Conrado e o senhor Cícero
Coronas, da 4ª Delegacia de Polícia Civil; o senhor Francisco Soares,
representando a comunidade do Bairro Humaitá; o senhor João Alberto da Fontoura,
representando o Conselho Municipal de Justiça e Segurança; a senhora Miriam
Tolla da Rosa,
Vice-Presidenta da Associação dos Moradores do Bairro Humaitá; a senhora Alda
Bisso, representando a Secretaria Municipal de Educação; o senhor Abrelino dos
Santos Carvalho, representando a Auto Viação Navegantes. A seguir, o Senhor
Presidente prestou esclarecimentos acerca das normas a serem observadas durante
a presente Audiência Pública, informando que, após o pronunciamento da senhora
Miriam Tolla da Rosa, seria concedida a palavra para manifestações dos interessados e dos Vereadores inscritos. Em
continuidade, foram iniciados os debates acerca da segurança pública no Bairro
Humaitá, tendo o Senhor Presidente concedido a palavra à senhora Miriam Tolla
da Rosa. Após, o Senhor Presidente concedeu a palavra aos inscritos, que se
pronunciaram na seguinte ordem: o senhor João Alberto da Fontoura; o senhor
Adegildo Roberto Leal, morador do Bairro Humaitá; o senhor Nei Carvalho, do
Conselho Distrital de Saúde Humaitá/Navegantes/Ilhas; o senhor Francisco Vieira
Soares, Conselheiro Tutelar; a vereadora Sofia Cavedon; o senhor Rodrigo Reis,
Conselheiro Tutelar; o senhor Luís Miguel Machado, representando o condomínio
habitacional Garden Park; a senhora Guacyra Ávila, representando a Guarda
Municipal; o senhor Alcione Pereira, morador da Vila Farrapos; o senhor Celso
Prestes, da Secretaria Municipal do Meio Ambiente – SMAM –; o senhor Cícero
Coronas; o senhor Bruno Knob, da Executiva do Conselho Municipal de Justiça e Segurança;
o Primeiro-Tenente Sidnei Queiróz Nery; o vereador Dr. Raul; o vereador Mauro
Pinheiro; o vereador Sebastião Melo. Às vinte e uma horas e vinte e cinco
minutos, nada mais havendo a tratar, o Senhor Presidente declarou encerrados os
trabalhos da presente Audiência Pública. Os trabalhos foram presididos pelo
Vereador Mauro Zacher. Do que eu, Mauro Zacher, determinei fosse lavrada
a presente Ata, que será assinada pelos senhores 1º Secretário e Presidente.
A SRA. MESTRA
DE CERIMÔNIAS: (Jussara Marcântonio Borges): Vamos dar início à nossa
Audiência Pública. Convidamos para compor a Mesa os Vereadores Mauro Zacher,
Sofia Cavedon e Mauro Pinheiro; a Srª Miriam Tolla da Rosa, 1ª Vice-Presidente
da Associação de Moradores do Bairro Humaitá; o Ten. Sidnei Queiróz Nery, do
11º BPM; o Sr. Bruno Knob, Secretário do Conselho Municipal de Justiça e
Segurança; o Sr. Adelino Lopes, Supervisor de Operações do DMLU; o Sr. Cícero
Coronas, representante da 4ª Delegacia de Polícia, e o Sr. Francisco Soares,
representante do Condomínio Residencial Garden Park Humaitá.
Vamos fazer agora a leitura do edital (Lê.):
“Audiência Pública com o objetivo de discutir sobre Segurança Pública no Bairro
Humaitá.
O Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre,
no uso de suas atribuições legais, COMUNICA à comunidade porto-alegrense a
realização de Audiência Pública, dia 15/12/2009, às 19h, no SENAT - Serviço
Nacional de Aprendizagem de Transporte Humaitá, localizado na Av. José Aloísio
Filho, nº 695, que tratará sobre Segurança Pública no Bairro Humaitá.
Gabinete da Presidência, 20 de novembro de 2009.
Ver. Sebastião Melo, Presidente.”
O SR.
PRESIDENTE (Mauro Zacher): Boa-noite a todos e a todas, em primeiro lugar eu
quero saudar à Mesa. Estou aqui acompanhado do Ver. Mauro Pinheiro e da Verª
Sofia, e também do Tenente Sidnei, aqui representando a Brigada Militar, do
Delegado Conrado, e do Sr. Cícero, representando a 4ª Delegacia. Também fazem
parte da Mesa o Sr. Francisco Soares, ex-conselheiro e representante da
comunidade; o Sr. João da Fontoura, do Conselho de Segurança, e a Srª Miriam da
Rosa, 1ª vice-presidente da Associação do Bairro Humaitá.
Esta Audiência foi uma solicitação da Associação do
Bairro Humaitá ao meu Gabinete, e eu encaminhei o pedido à Câmara de Vereadores
para que nós pudéssemos tratar, como estamos fazendo em vários Bairros, dos
mais diversos assuntos e prioridades que as comunidades têm. Então, tem sido
uma prática diária nossa aproximarmos-nos da comunidade, estarmos presentes, e
uma audiência pública tem um poder impressionante quanto ao encaminhamento das
questões.
Quero dizer, com a maior tranquilidade, que nós
realizamos, ali no 4º Distrito, no bairro São Geraldo-Navegantes, no início
deste ano, uma Audiência Pública com uma presença muito grande de moradores,
comerciantes, empresários, trabalhadores do Bairro. Estamos conseguindo ali
bons resultados com o trabalho permanente da comunidade, que assumiu esse
compromisso depois daquela Audiência Pública, sempre amparada por nós. E a
resposta tem sido muito boa por parte dos agentes públicos, seja da Brigada
Militar, seja da Polícia Civil, seja da Prefeitura, que está, também,
respondendo às demandas que a comunidade tem feito.
Este assunto de Segurança Pública, sem dúvida, é um assunto desafiador. Não é só o bairro Humaitá que tem problemas de segurança, e esse problema deve ser enfrentado, não só pelo Poder Público ou por nós, Vereadores, mas ter uma ação de todos nós. Acredito que este é o momento em que a comunidade pode se manifestar, pode cobrar, mas também construir proposições, soluções, encaminhamentos no sentido de construir e ter a expectativa de estar morando, vivendo, trabalhando num Bairro com uma maior segurança e com condições de viver. Não há uma solução, não há uma receita, e não bastam decretos ou leis, esta será uma caminhada que teremos pela frente.
Nesta Audiência Pública, quero repetir: podem ter
certeza de que estamos aqui trazendo o assunto à tona, o problema vivido por
vocês no quotidiano, mas também para que outros agentes públicos tomem
conhecimento do que vive esta comunidade. Saibam que esta Audiência Pública
pode se tornar o início de uma caminhada, basta que todos nós possamos assumir
responsabilidades. É nesse sentido que quero aqui ressaltar, mais uma vez, que
a Câmara tem se proposto estar presente, mesmo quando o assunto não é de
responsabilidade do Município, como a questão da Segurança Pública - que,
constitucionalmente, não é de responsabilidade dos Municípios -, fazendo parte
da ação dos Municípios, e participando das ações que envolvem a todos nós,
agentes públicos.
É com esse foco que proponho que esta Audiência
seja o início de uma nova caminhada no sentido de cobrar - sim -, manifestar -
sim -, mas também construir um futuro melhor com todos nós fazendo parte desta
caminhada. É assim que inicio a nossa Audiência Pública.
Convido a Srª Alda Bisso, representante da
Secretaria de Educação a também fazer parte da Mesa. Inicialmente, serão dez
inscrições, mas havendo mais interessados, abriremos espaço para que todos
tenham oportunidade de se manifestar. Os interessados, por favor, registrem
suas inscrições com o Sr. Luiz Afonso, aqui ao lado.
Gostaria de passar a palavra à representante da
Associação, Srª Miriam, Vice-Presidente da Associação, para colocar as
reivindicações e anseios da comunidade.
A SRA. MIRIAM
TOLLA DA ROSA: Boa-noite. Sou a 1ª Vice-Presidente da Associação de Moradores do
Bairro Humaitá, e quero dizer que a solicitação desta Audiência foi feita pelos
moradores do Garden Park, onde estava havendo muitos assaltos a apartamentos, e
só através da Associação esse pedido poderia ter sido feito. Também há muitos
assaltos no Bairro, como no comércio, nas escolas, e está muito difícil para
nós. Hoje, aconteceu um problema sério na frente da escola, e por isso a gente
está fazendo a solicitação desta Audiência.
Quero informar também que formamos um Conselho
Comunitário de Segurança para poder participar mais do Fórum. A Brigada Militar
faz, dentro do possível, o atendimento, e, quando a gente faz solicitação, eles
se apresentam e procuram nos atender da melhor forma possível - quando tem
viatura e efetivo -, mas a resposta que eles nos dão é de que é difícil para
eles também. Nós temos aquele atendimento precário e estamos com muita
dificuldade aqui no Bairro. (Palmas.)
O SR.
PRESIDENTE (Mauro Zacher): Convido a compor a Mesa o Sr. Abrelino dos Santos
Carvalho, representante da empresa Auto Viação Navegantes.
A gente pode iniciar com as inscrições, e
deixarmos, um pouco mais para o final, para escutarmos a Brigada Militar e a
Polícia Civil. Vamos iniciar com o representante do Conselho de Segurança, Sr.
João Alberto da Fontoura.
O SR. JOÃO
ALBERTO DA FONTOURA: Boa-noite, sou Conselheiro de Segurança do
Conselho Municipal de Justiça e Segurança aqui de Porto Alegre, representante
desta comunidade aqui da Região Humaitá-Navegantes. Também faço parte da
Associação de Moradores do Bairro, mas de uma outra entidade em nível mais
estadual, que é a Central de Movimentos Populares.
Eu acho importante esta Audiência, porque nos
proporciona ampliar a discussão e algumas informações que queremos trazer à
comunidade. A primeira delas, nós temos um Conselho em nível de Cidade, que é o
Conselho Municipal de Segurança, onde buscamos constituir um sistema de
proteção social na Cidade. E em várias Regiões da Cidade, nas 16 Regiões do
Orçamento Participativo, foram constituídos os Fóruns Regionais de Justiça e
Segurança, e o da nossa Região, onde nos reunimos todo primeiro sábado de cada
mês. É importante que as pessoas se agendem para participar dessa discussão.
Todo primeiro sábado de cada mês, das 10 horas às 12 horas, reunimos-nos no
Grêmio Esportivo Ferrinho, na Av. Dona Teodora nº 1200. Nós só não nos reunimos
quando a data cai em feriados, ou datas comemorativas tipo o Natal.
O que eu queria trazer para a comunidade? Nesse
último período, o nosso Fórum Regional de Justiça e Segurança, do qual
participa a nossa comunidade, tem assento o Conselho Tutelar, a Brigada
Militar, a EPTC, a FASC, a Polícia Civil, a SMED e vários outros órgãos. É um
Fórum, dentro do Conselho Municipal, constituído por Lei que o regulamenta, e
essas instituições têm assento no Conselho Municipal, como também no Fórum
Regional. Uma dificuldade muito grande que temos é que, normalmente, as
Instituições não participam do processo de discussão, portanto, o sistema fica
meio quebrado. A comunidade se reúne, na maioria das vezes, com a Brigada
Militar - que é uma entidade que se faz sempre presente -, mas as outras
instituições não se inserem no sistema, o que é um problema. Como queremos
trabalhar a questão da prevenção à violência, é importante que todas as
Instituições ligadas à área estejam presentes para que possamos ter um
planejamento mais efetivo nesse processo.
Mesmo com as dificuldades que temos encontrado, com a não participação das Instituições, temos avançados em algumas coisas. Por exemplo, nós fizemos um planejamento até o final de 2010 no nosso Fórum Regional, e uma das coisas que colocamos, e está funcionando, foi a constituição dos Conselhos Comunitários, por quê? Porque como tem o Conselho Municipal, que é uma discussão mais de cidade, nós temos um Fórum Regional que pega os bairros Humaitá, Navegantes, Farrapos e Anchieta. Nesse Fórum, a ideia era se constituir os Conselhos Comunitários que tratam da questão mais local. O que tiramos no encaminhamento? Constituir o Conselho Comunitário do bairro Farrapos, do bairro Navegantes, e do 4º
Distrito -
que também já foi constituído, só que, por enquanto, não tem acompanhado a
discussão do nosso Fórum. E constituímos, ultimamente, o Conselho Comunitário
do Bairro Humaitá, que se reunirá todos os meses e discutirá as questões mais
específicas do nosso Bairro, e levará para dentro do Fórum as discussões mais
de planejamento, enfim, que possamos efetivar algum trabalho mais em nível
regional. É importante que as pessoas saibam desse processo, desse sistema, e
se insiram nessa discussão, porque só com planejamento nós vamos ter prevenção
e vamos conseguir dar respostas mais efetivas para a comunidade. Nós entendemos
que com esse planejamento nós vamos conseguir alcançar as metas estabelecidas.
Tem uma outra questão que nós colocamos no nosso
planejamento, que é importantíssima para nós, vejam só como é a nossa demanda
no Fórum Regional de Justiça e Segurança. Nós vamos buscar construir aqui na
nossa comunidade, no nosso Bairro, uma escola técnica de ensino
profissionalizante, porque há um grande vazio no atendimento à juventude, muito
pouco é proporcionado à juventude da nossa Região e do nosso Bairro. Nós queremos
criar alternativas para que essa juventude, porque é a que mais tem sido
atacada pela violência, e a que mais morre. Agora mesmo, a companheira Miriam
relatou o que aconteceu aqui na frente da escola; são jovens que estão se
envolvendo com a violência. Então, temos que criar oportunidades para que
possamos disputar essa juventude e colocá-la num processo de enfrentamento com
relação à questão da violência que, cada vez mais, na nossa Cidade, tem
aumentado; é roubo aqui, é roubo lá, mas há processos mais violentos que
somente o furto.
Então, nós queremos convidar todos que estão aqui a
participar, queremos convidar, inclusive, as Secretarias envolvidas no sistema,
isso é importante, porque a Polícia Civil, a Brigada Militar, através da
Sargento Beatriz, tem acompanhado, todos os meses, a nossa discussão aqui.
Temos todas essas questões dentro do planejamento - e não vou relatar todo o
planejamento da equipe -, mas é importante que as pessoas estejam acompanhando
a discussão. O próprio Secretário Municipal de Direitos Humanos e Segurança
Urbana acompanhou, na última reunião, o que estava andando dentro do
planejamento que tínhamos feito, viu o que está acontecendo, os Conselhos
Comunitários estão sendo constituídos. Casualmente, a reunião do Conselho
Comunitário do bairro Humaitá estava agendada para hoje e nós íamos discutir
uma questão importante, porque chegou a denúncia na primeira reunião, na
reunião de constituição do Conselho, de que havia exploração sexual de crianças
aqui no nosso Bairro. Nós íamos convidar o DECA, a EPTC, enfim, mas como a
Audiência foi marcada para o dia 16, hoje, cancelamos para estarmos presentes
aqui, mas vamos remarcá-la para dar continuidade às reuniões do Conselho.
Então, é isso acho que é importante esta reunião para que possamos fazer
encaminhamentos mais consistentes e inseri-los no sistema, que é este sistema
que relatei no início, de participarmos do Fórum Regional aqui da Região, de
poder participar do Conselho Comunitário aqui do Bairro, construindo
alternativas de prevenção à violência, para que possamos ter dias melhores no
futuro.
O SR.
PRESIDENTE (Mauro Zacher): Obrigado, João. João, vou te convidar para fazer
parte da Mesa conosco. O João, enquanto Coordenador do Conselho de Segurança, é
uma pessoa fundamental neste processo. Eu quero saudar aqui a presença da Maria
Odete, do Celso Camargo e do André Luiz, da SMAM; também, da Guacyra Ávila e da
Débora Quaresma, que estão aqui representando a Secretaria de Direitos Humanos.
Muito obrigado.
O Sr. Adegildo Roberto Leal está com a palavra.
O SR. ADEGILDO
ROBERTO LEAL: Boa-noite, tenho 48 anos, sou morador do bairro Humaitá há 12 anos,
morei na Vila Farrapos por 30 anos, e acho que me sinto bem à vontade para
falar do nosso Bairro, porque praticamente me criei aqui. O que eu tenho para falar sobre segurança, só pessoas como eu, que
já fui assaltado em frente ao prédio, às 11h30min da manhã, ou em frente à
escolinha do filho, às 8h30min, à mão armada, numa sexta-feira, podem falar
sobre o trauma que é vivenciar, ter uma arma na sua cara, e o bandido levar seu
carro, pela segunda vez; na primeira vez, ele me levou junto, fui sequestrado.
Mas o que eu quero colocar é o seguinte: o bairro
Humaitá tem uma peculiaridade que não existe em outro Bairro, que é a
acessibilidade. Se vocês olharem o bairro Humaitá, verão que ele tem saída para
todos os lados da Grande Porto Alegre: ele sai para Canoas; ele sai para
Guaíba; ele sai em direção à Perimetral. E nós, no Condomínio Garden Park, como
já foi colocado, estamos sofrendo um pênalti diário: estamos sendo assaltados
diariamente; pessoas estão pulando as grades e estão roubando; estão, de forma
descarada, assaltando os moradores que vão fazer compras no supermercado, que
estão na parada de ônibus! A nossa síndica, que está aqui nos representando,
sabe muito bem do que está acontecendo no Garden. E não só no Garden, mas no
Bairro em geral.
Eu queria colocar, inclusive, que eu sei que foi
feita uma reunião no bairro São Geraldo, mas quero aproveitar que o pessoal da
Civil está aqui e dizer: eu fui tratado que nem cachorro na 4ª Delegacia,
porque a pessoa que me atendeu lá, parecia que eu era o bandido! Eu fui lá e
fui tratado que nem cachorro! Eu tinha acabado de ser assaltado, estava vendo o
meu carro sendo levado embora por um vagabundo, e ainda fui tratado que nem
cachorro na Delegacia! O pessoal da Brigada me atendeu bem, em cinco minutos o
pessoal estava na frente do Sesquinho para me atender! O consolo que eu recebi
de uma das pessoas lá é de que tinha um parente seu que já havia sido assaltado
treze vezes!
Mas vou voltar à questão do Bairro, aqui. A questão
do bairro Humaitá, eu pergunto a vocês: por que o nosso Bairro não tem câmeras
como nos bairros Moinhos de Vento e Menino Deus? Por que não temos? Existem
câmeras para ver quando o cara não paga o IPVA! Se tu não pagaste teu IPVA,
muito bem, a câmera focaliza e te atacam logo ali na frente! Agora, se o cara
roubou o teu carro, não tem câmera para registrar roubo de carro! Por que não?
Por que as cinco motos que foram doadas para a Brigada Militar não estão agindo
no Bairro? Porque foram colocadas cinco motos. Aliás, a Brigada Militar sempre
foi massacrada no bairro Humaitá. Eu faço uma defesa à Brigada Militar, porque
ela nunca teve o valor que deveria ter no Bairro. Já quiseram, por várias
vezes, retirar a Brigada Militar do bairro Humaitá. O que os moradores querem é
segurança, mas pergunto para vocês como é que vamos ter segurança se o Estado
lucra quando o cidadão é roubado? O que aconteceu quando tive meus documentos
roubados, assim como tudo o que havia no meu carro? Como sou um cidadão
honesto, fui na loja, paguei tudo, tudo, e quando fui retirar os documentos, o
Estado disse: “Tu tens que pagar os documentos, tudo de novo”. No Rio de
Janeiro já tem uma lei de que quando o cidadão é roubado, pelo menos, os
documentos... O Estado deveria pedir desculpar ao cidadão, formalmente, porque
o cidadão é tragado, roubado, sofre a violência e ainda é tratado como um
cachorro na delegacia, e tem que pagar todos os documentos de novo, isso é
justiça?! Eu pergunto a vocês, o cara já chega humilhado na delegacia, chega lá
e é tratado com descaso - isso é justiça? (Palmas.) Isso não é justiça, eu
posso falar de cadeira, sou engenheiro eletricista formado, tenho pós-graduação
em Segurança. Segurança se faz, sim, com a comunidade, mas também se faz com o
ente público, entendendo como é que funciona a comunidade. Se não entende como
funciona o Bairro... Se no bairro Humaitá não posicionarem viaturas nas saídas
do Bairro, não colocarem câmaras Speed
Dome, como tem nos outros bairros, para aumentar a segurança, não vai
adiantar nada, porque o cara que me assaltou é de Esteio, pegou meu carro, saiu
por trás, pela beira do rio, e acabou! Então, a primeira coisa é saber como é
que funciona. O nosso Bairro é a acessibilidade, tem acesso para todos os
lados.
Eu faço um elogio para o que está sendo feito aqui,
porque nunca foi feito antes, e eu quero que os entes públicos, realmente,
tomem pé do que acontece aqui e façam acontecer. Porque não adianta se reunir
aqui, bater fotos, sair no jornalzinho e não dar em nada! Os moradores estão
cansados de serem assaltados, de sofrerem pênalti aqui no Bairro. Sei que todos
os bairros têm problemas, mas o nosso, a característica é essa: a
acessibilidade. Um cara que assaltou uma pessoa, vai ali no rio, vai para a
Ilha das Flores, porque também tem acesso ao rio. Nós temos acesso a tudo que é
lugar aqui!
O nosso representante do Condomínio, o Célio, que
também é da Brigada Militar, sabe: a gente está sofrendo pênalti no nosso
condomínio, o pessoal se propôs a gastar, levantar grade, botar cerca, fazer de
tudo. Mas a gente sabe que se não tiver o apoio da Brigada Militar, se a
Polícia Civil não fizer a parte dela, não adianta, nós precisamos do apoio
público para conseguir mudar a realidade do nosso Bairro.
O nosso amigo falou, se vocês olharem no Orçamento
Participativo do bairro Humaitá, nos últimos anos, só deu uma coisa: construção
de casa popular. Acho que é importante, porque estão urbanizando as favelas,
mas os moradores do bairro Humaitá, que foi fundado com a construção dos blocos
- antes era a Vila Farrapos, Dona Teodora, e não tinha mais nada. Os moradores
do bairro Humaitá, originais, não ganharam quase nada até agora, nós só
perdemos, porque estamos cercados de vilas à nossa volta. O cara que me
assaltou, na frente do meu prédio, morava na Vila Planalto, que é aqui do lado,
do lado do posto Humaitá. Junto com as pessoas boas, há os bandidos, e esses
caras vêm e nos assaltam, roubam a roupa da cerca. No último assalto, roubaram
a TV de plasma do nosso vizinho, que caiu lá do sexto andar, porque o cara
escalou o prédio e o pessoal só acordou quando caiu no chão a TV de plasma!
Arrombaram a grade do térreo e do segundo andar. O que o pessoal do bairro
Humaitá quer é que a polícia bote os carros na rua, que botem as viaturas nas
esquinas, que façam rodar as motos ganhas, porque senão vamos continuar fazendo
reuniões, todo mundo batendo fotos, saindo no jornal, e a porcaria continua a
mesma.
Eu tenho dois filhos e gostaria de vê-los andando
no Parque sem ser assaltado, gostaria de ver meus vizinhos sem a preocupação de
largar o carro na entrada - no nosso prédio chegaram a roubar dois carros numa
única manhã. Foi dado tiro no morador dentro do prédio.
O SR. PRESIDENTE
(Mauro Zacher): Só peço para ir para a conclusão.
O SR. ADEGILDO
ROBERTO LEAL: A minha sugestão é que, em primeiro lugar, seja reforçado o posto da
Brigada Militar, porque não há segurança se não houver gente para fazer a
segurança. Em segundo lugar, os moradores do bairro Humaitá, em função até dos
investimentos que estão sendo feitos lá; o nosso Bairro está sendo
privilegiado, vão aumentar, consideravelmente, os investimentos aqui, como já
estão ocorrendo; a gente tem que colocar câmeras, como está acorrendo nos
outros lugares - a gente sabe que a vigilância eletrônica hoje inibe, não
ataca, mas inibe. E isso é fundamental, porque, pelo menos, tem a cara do
sujeito, para saber quem denunciar. Por exemplo, o cara que me assaltou e
roubou o carro, na última vez, bateram a foto do cara, porque ele tomou uma
multa. Infelizmente, não foi visível. A minha, quando eu tomei, em todas, ficou
bem nítida, apareceu - até queria botar num quadro, a minha foto! -, mas a do
ladrão não saiu, não sei por que, fiz solicitação e tudo mais, mas não
apareceu.
Eu acho assim: o que os moradores precisam,
realmente, é que a Brigada Militar atue, que a Polícia Civil atue, porque a
Brigada Militar faz o policiamento ostensivo, mas quem combate o crime é a
Polícia Civil, a gente sabe disso, e que se coloquem câmeras! Se a gente quer
segurança, tem que ter câmeras! E os Conselhos Municipais também são
importantes, reforço o que o outro colega colocou, mas agora, de imediato, a
gente está precisando, urgentemente, que a Brigada faça o policiamento
ostensivo, que se coloquem as câmeras, que se posicionem as viaturas nas saídas
do Bairro, porque os caras assaltam, pegam o carro e pinoteiam para as saídas,
é para onde eles vão.
Primeiramente, eu queria agradecer, desculpe se eu
me alonguei, é que muita coisa que eu falei aqui estava engasgada - quem me
conhece, sabe -, porque sou morador antigo, eu gosto daqui, quem mora neste
Bairro sabe das facilidades que ele tem e de como é bom morar aqui. Já foi
melhor, só para vocês terem uma ideia, eu morei trinta anos na Vila Farrapos e
nunca fui assaltado, eu estou há 12 anos no Humaitá e já fui duas vezes. O que
houve? Houve a decadência com relação à Segurança Pública, até em função da
quantidade de gente que veio morar no nosso Bairro. Muito obrigado, desculpe se
eu me alonguei.
O SR.
PRESIDENTE (Mauro Zacher): Obrigado, Adegildo. Convido para fazer uso da
palavra o Sr. Nei Carvalho, do Conselho Distrital de Saúde
Humaitá/Navegantes/Ilhas. Permiti aos outros oradores que ultrapassassem o tempo
dos cinco minutos, mas eu vou ter que ser um pouco mais rigoroso para a gente
conseguir dar conta.
O SR. NEI
CARVALHO: Boa-tarde a todos, aos representantes da Mesa, ao pessoal do plenário,
eu represento o Conselho Distrital de Saúde da Região, que é uma instituição da
comunidade que articula o movimento social na área da Saúde e o controle social
da Região. O nosso companheiro falou quase tudo que a gente tinha de falar aqui
e de uma maneira que, na verdade, a gente tem vontade de fazer, porque nós temos
problemas seriíssimos na nossa Região. Nós temos problema de segurança,
problema de transporte, problema de iluminação, que é uma questão bem
complicada, porque a violência tem tudo a ver com isso - o malandro tem uma
facilidade muito maior de atuar no escuro do que na claridade e, às vezes, nós
circulamos no nosso Bairro, no escuro. Primeiro, há uma falta de luz
sistemática, há uma questão de um transformador, de um disjuntor, por isso eu
até solicitaria aos representantes dessa área e à Associação do Bairro que
tomem uma atitude com relação a isso, porque, por qualquer vento, falta luz no
Bairro. Então, estamos com esse problema.
Mas quero dizer a todos da nossa satisfação em ter
um espaço para a gente poder se manifestar nessa Região. Isso é muito bom, gostaríamos
de ter Audiências Públicas, seguidamente. para que a gente pudesse manifestar e
colocar as nossas dificuldades, todas as que a gente têm no Bairro, porque isso
é, efetivamente, o exercício da democracia. Lembro que, quando coordenei o
Conselho Municipal de Saúde, fazíamos Audiências Públicas de seis em seis meses
na Câmara de Vereadores, e lá, na maioria das vezes, a gente tinha apenas o
representante da Saúde, que era o coordenador da área da Saúde nas reuniões do
Conselho Municipal, prestigiando - o único Vereador que estava lá prestigiando.
Hoje temos mais, aqui, mais Vereadores.
Então, essas pessoas que, de certa forma, também
fazem parte do sistema público, de uma maneira geral, como os representantes da
gestão pública, têm que prestar contas a nós, porque quem garante o salário de
todos eles somos nós; em todos os impostos que nós pagamos, descontamos 40% do
nosso salário, mensalmente, para dar sustentação aos salários dos servidores
públicos, de uma maneira geral – os Vereadores estão nessa também. Então, na
verdade, a gente não pode estar aqui, hoje, para pedir alguma coisa. Nós temos
de estar aqui para exigir a troca do recurso que nós depositamos na conta
dessas instituições para nos prestarem serviços, que são realizados de uma
maneira muito deficitária, e a gente precisa atuar em cima desses entes
públicos, desses cidadãos para que as coisas possam, efetivamente, acontecer. É
uma pena que se tenha de fazer isso, porque, na verdade, é uma obrigação que
deveria estar contida dentro da filosofia e dentro das instituições públicas
para que elas prestassem serviços dignos para nós.
Tudo aquilo que o representante da comunidade, que
me antecedeu, falou, era justamente o que eu tinha vontade de colocar. E acho
que sempre que a gente faz uma manifestação, acaba olhando para o nosso umbigo.
Assim como ele foi assaltado uma vez, e foi sequestrado, eu, no quarto andar,
onde moro, recebi a visita de um ladrão que me levou uma série de coisas. E,
quando, às vezes, a gente liga para a Brigada Militar, temos a seguinte
resposta: “Ah, não tem viatura. Eu não posso ir até aí, porque eu não tenho
viatura”. Isso é falta de estrutura de trabalho. Os processos deficitários da
gestão pública não dão condições de trabalho: não dão viatura, não dão
manutenção para viaturas! Existem outros problemas, também, que nós não podemos
entender, existem outros fatores, como a falta de treinamento, como a filosofia
de trabalho da Brigada Militar que trocou o “Pedro e o Paulo” por um carro:
botam as pessoas dentro de um carro e saem a andar na Cidade como se revolvesse
alguma coisa; às vezes, até, com a buzina, uma campainha ligada para que o
ladrão se mande de uma vez, para não precisar prender o sujeito. Então, todas
essas questões têm que ser consideradas.
Gostaria que as pessoas que me sucederem, falassem
em todos os outros problemas que o Bairro tem, que ocorrem dentro da nossa
comunidade, e que, na verdade, para uma pessoa só falar é difícil. Mas nós
temos muitos problemas aqui. E gostaria que tivéssemos outra Audiência Pública
para tratar de outro tipo de problema que teremos na Região, que será a vinda
da Arena do Grêmio para cá, que vai nos causar uma série de problemas,
principalmente de drenagem na nossa Região, com os arranha-ceús aprovados na
Câmara de Vereadores – uma maravilha! Em desrespeito ao Plano Diretor, troca-se
o que a gente quer, e se faz as coisas que interessam na comunidade, sem
consultá-la. Por isso eu louvo este espaço que estamos tendo hoje aqui, e
gostaria que tivéssemos outro para que também discutíssemos isso e as
contrapartidas que precisamos, em função do investimento de quase um bilhão de
reais que vai ser feito nesta Região e que nos trará, com certeza, benefícios e
também uma série de problemas, os quais gostaríamos de discutir. Obrigado.
O SR.
PRESIDENTE (Mauro Zacher): Obrigado, Nei. Tua sugestão para uma nova Audiência
Pública será acatada. Convido para fazer uso da palavra o Sr. Francisco Vieira
Soares, Conselheiro Tutelar.
O SR.
FRANCISCO VIEIRA SOARES: Boa-tarde a todos.
O SR. PRESIDENTE
(Mauro Zacher): Eu esqueci de convidar o Ver. Dr. Raul, aqui
presente - perdoe-me -, para compor a Mesa conosco e depois se manifestar.
O SR.
FRANCISCO VIEIRA SOARES: Gostaria de saudar a Mesa, saudando o Ver. Mauro
Zacher, presidindo os trabalhos na tarde de hoje, e dar uma boa-tarde para os
meus vizinhos do Humaitá. Quero agradecer também pela rapidez, através da
Câmara de Vereadores, com que conseguimos esta Audiência Pública, porque
sabemos da dificuldade que é conseguir. Acho que Deus nos iluminou para que
isso acontecesse até mais rápido do que nós esperávamos, pela angústia que nós,
moradores do Humaitá, viemos sofrendo no dia a dia. As pessoas que me
antecederam já fizeram grandes relatos em relação às situações que vêm
ocorrendo no Parque Humaitá. Esse local foi onde a gente se criou, cresceu,
passou a nossa adolescência, e, hoje, é onde já estamos nos encaminhando para
uma idade um pouquinho mais avançada, por isso gostamos demais desse local e o
defendemos. Gostaríamos que os nossos filhos e netos pudessem ter a mesma
felicidade que tivemos morando nessa Região, sem essa situação em relação à
insegurança que nós, moradores do Humaitá, viemos sofrendo. Gostaria muito
também de agradecer ao representante da empresa Navegantes - talvez ele nem saiba
-, porque as pessoas que saem do Garden Park, às 6 horas, para trabalhar - e,
geralmente, é o mesmo motorista que faz o trajeto para o Centro -, estão sendo
assaltadas, e ele tem um pouquinho de sensibilidade - e eu acho até que a
empresa deveria prestar uma homenagem para esse profissional dessa empresa -,
porque ele está parando o ônibus no portão de entrada dos condomínios, porque o
ladrão está ali do outro lado da rua, na bicicleta, para assaltar os nossos
moradores. (Palmas). Então nós, trabalhadores do Parque Humaitá, que saímos às
6 horas para trazer o sustento dos nossos filhos, estamos sendo reféns. Nós
temos que ficar dentro dos nossos prédios, escondidos e rezando para que o
motorista passe ali e pare no portão, para não sermos assaltados. Então, essa é
a nossa preocupação.
E o que mais me causou tristeza - e eu não posso
condenar as pessoas -, foi quando eu convidei as pessoas para virem a esta
Audiência Pública, passamos com o carro de som, fizemos uma grande divulgação,
e isso, sim, me preocupou: a descrença da população com a segurança no nosso
Bairro. A partir do momento em que a população começa a desacreditar nas
instituições, a coisa começa a se complicar, e isso me preocupou demais. Quando
as pessoas não acreditam mais, quando estão sendo assaltadas, quando já
perderam a confiança de ir numa delegacia registrar uma ocorrência policial,
procurar um policial, e, naquele momento - o meu vizinho que me antecedeu aqui
disse -, que é um momento de carência e de frustração, porque foste assaltado.
Às vezes, tu vais a uma delegacia, e o profissional que trabalha ali, muitas
vezes, não sabe que ele é um servidor público, ele não incorpora a situação de
servidor público, ele incorpora a situação de policial, e ele está ali para nos
atender. E esse descrédito da população me deixou bem preocupado.
E outra coisa que eu gostaria de relatar: assalto
no Garden Park acontece às 6 horas, às 10 horas, às 19 horas, às 23 horas, às 4
horas da madrugada, não tem horário. Isso é muito prático. Nós já avisamos até
o pessoal da Brigada Militar que passa ali, porque o pessoal que circula por
ali e assalta é sempre o mesmo: é o pessoal de bicicleta. E eu acho que não há
dificuldade nenhuma para a Brigada Militar identificar esse pessoal que está
ali de bicicleta, eles andam com revólver na cintura. E, para concluir - hoje
todos sabemos que é muito difícil a pessoa andar com dinheiro no bolso -,
entraram dentro do apartamento de uma vizinha, e ela só tinha cartão de
crédito; os caras não se deram por satisfeitos, ficaram quase três horas dentro
do apartamento dela com a sua filhinha de três anos, fazendo terrorismo, e,
quando eles viram que ela não tinha dinheiro, eles quebraram a TV de plasma
dela à marteladas, e foram embora. Eu tenho que fazer esse relato, com todo o
trabalho que a Brigada Militar presta, mas, infelizmente, neste dia, a Brigada
Militar levou uma hora e meia para chegar até a casa dessa senhora, e ela fez
várias ligações para o nosso posto aqui. Geralmente, quando nós ligamos para o
nosso posto, o nosso posto diz que não tem viatura, e aí nós ficamos com as
mãos amarradas. E esse posto aqui, para quem não sabe, Vereador, e já
concluindo, esse nosso posto, ao lado da escola, quem deu todo o aparato para
ser construindo esse posto foi a comunidade e os empresários, que deram
dinheiro para a sua construção, para que nós pudéssemos ter uma segurança um
pouquinho melhor. Então, nós investimos lá, e, na hora que nós mais precisamos
dessa segurança, essa segurança nos faltou. Obrigado. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Mauro Zacher): Obrigado. Eu passo a
palavra agora para a Verª Sofia Cavedon. Aqueles que ainda quiserem se
inscrever, a palavra está à disposição.
A SRA. SOFIA
CAVEDON: Boa-noite a todos, eu queria, em primeiro lugar, parabenizar a
iniciativa da Associação na atenção que teve com um dos condomínios, mas que
sabe que é problema de todos vocês, e comunicar que também já sei que a
Associação já solicitou uma Audiência Pública sobre a Arena do Grêmio e sobre
as contrapartidas. Mas acho que, em função do final do ano e das inúmeras
audiências, deve sair no início, digamos, de fevereiro, e vamos trabalhar para
que em fevereiro aconteça a Audiência Pública. Segundo, sobre a parte da
comunidade, a gente já teve um relato, eles estão fazendo, os colegas Vereadores,
as entidades... João, eu estou impressionada, o Humaitá, todo o primeiro sábado
do mês, está constituindo o Fórum Comunitário. A sua tarefa, a comunidade está
fazendo, porque uma das dimensões da segurança é a comunidade se agregar. A
comunidade individualizada, cada um na sua casa, faz com que o espaço seja
ocupado pela bandidagem. Vocês estão fazendo um movimento coletivo, estão
insistindo, chamando as instituições; então, nós não temos que sugerir isso, e
não vai ser uma série de audiências que vai substituir o que é muito
importante, que é esse funcionamento sistemático, esse planejamento, esse
envolvimento das Secretarias, porque a dimensão da Segurança Pública não é só o
trabalho ostensivo da Polícia e da Brigada, mas um conjunto de políticas públicas
que tem que acontecer numa Região.
Então, nesse primeiro registro, eu queria dizer do
nosso impacto positivo dessa organização comunitária, que é tão importante para
uma comunidade. Por outro lado, o quanto a gente lamenta pelos órgãos não
estarem à altura. O ano passado, quando fui acionada pelos Conselhos Tutelares
- eu era Presidente da Comissão de Educação -, visitei várias escolas - o Mauro
esteve junto, mesmo não sendo da Comissão -, e a gente viu o problemão que as
escolas estaduais nos falavam, de não conseguir lidar com os adolescentes e
jovens, porque a política pública de apoio à educação está falha. As escolas
diziam: “Olha, nós não temos uma equipe pedagógica, não temos orientadora
pedagógica, não temos uma biblioteca, não temos uma alternativa para encaminhar
o jovem”. Eu me lembro de uma orientadora dizendo: “O SASE disse que esse
menino não entra mais aqui”. Ou seja, a articulação das políticas públicas
também não funciona, para poder encaminhar um problema mais sério que a escola
não está podendo lidar. Então, é um conjunto de políticas que, infelizmente, na
lógica do déficit zero, faz com que quem perca é a população, porque a gente vê
que a redução do investimento em saúde, em educação e segurança bate na vida
real de vocês.
Esses dias, eu ouvi uma notícia - aqui está a
Brigada Militar, eu até queria ter uma explicação -, dizendo que a Operação
Natal vai botar mil, dois mil, não sei quantos mil brigadianos... Mas onde eles
estavam, que durante o Natal podem aparecer e podem trabalhar? Essa é a grande
realidade, nós temos uma brutal redução da condição da Brigada Militar de fazer
o policiamento ostensivo. Nós temos uma situação de vulnerabilidade, de
exposição brutal, que aqui foi muito bem colocada por vocês, especialmente pelo
senhor, do que é a desresponsabilização do Estado público ao deixar o cidadão à
mercê da violência. E eu acho que esse é o principal drama social do Brasil,
hoje. Se um Estado não consegue proteger a vida, para que ele serve? Eu quero
aqui me solidarizar nesse nível, porque temos que organizar o Estado público
para os cidadãos viverem, terem condições dignas de vida, e não para morrerem
de forma banal.
Então, há um tema aqui, fundamental, que é a
questão da prioridade na Segurança Pública e na educação, que a gente não vê
nas escolas estaduais, especialmente, porque eu conheço as duas escolas
municipais, a infantil e a Antônio Giúdice. Esses dias recebi um telefonema de
uma escola que estava sem farinha; mandei, inclusive, um e-mail para a Secretária Cleci, porque as crianças estavam comendo
só bolacha, coisa que nunca aconteceu nas escolas infantis municipais, de não
poder fazer um bolo no fim do ano! Mandei um e-mail, a Secretária me deu uma resposta, e acho que as coisas
foram solucionadas, mas eu tenho que reconhecer a diferença das escolas
municipais em relação às estaduais.
A adolescência e a juventude, hoje, estão muito
desafiadas, seduzidas pela droga, pela gangue, pelo grupo, pela violência, e
elas não têm uma escola atrativa, uma escola equipada, uma escola com condições
de ofertar uma outra acolhida. Eu falo mais na educação, porque eu sou
professora e atuo muito nessa área, mas sei que temos problemas em várias
outras áreas.
E quero, por fim, para não me alongar, dizer que
nós votamos contra, eu e minha Bancada, o projeto do Grêmio. Nós não
concordamos com os espigões, não concordamos que se fizesse aquela negociação
daquele jeito, da troca de terrenos sem garantias da manutenção do trabalho de
esporte e de cultura que tem aqui, e do próprio CTG. Estamos agora correndo
atrás, e acho que a comunidade tem que se mobilizar para garantir as
contrapartidas aqui no Bairro. Não há alternativa para juventude, a única
escola técnica que tinha está saindo daqui.
Então, esse compromisso nós temos que continuar discutindo
na outra Audiência, a gente já tem pautado, vários Vereadores, já foi tema de
vários momentos lá na Câmara, e acho que não dá para a Copa do Mundo trazer uma
coisa belíssima, e a comunidade ter mais problemas, como o de trânsito, que
aqui já é bastante conflitado. E aí nós temos que exigir ação do Governo
Municipal. Aqui tem que ser uma Operação Urbana Consorciada, que é um termo
meio difícil, mas significa que todas as contrapartidas têm que estar
garantidas, tem que ser escutada a comunidade, têm que ser construídas com
vocês, porque isso são políticas de segurança pública, combinadas com ação da
Brigada, da Policia Civil e da Guarda Municipal. Então, são compromissos que a
gente já vem levando, muitas vezes a gente não está em audiência com vocês, mas
estamos trabalhando em outros momentos, e nós não achamos que a Cidade possa
absorver espigões desse jeito, que aqui são, sem mentira, 12 ou 15, é uma coisa
enorme, é uma outra cidade dentro do Bairro, e isso vocês têm que exigir – qual
é o fluxo viário previsto, qual a contrapartida, como será o atendimento de
escola, de posto de saúde, etc. Isso é uma coisa que é fundamental que a
Prefeitura antecipe. Não será em nome de um jogo ou dois jogos na Cidade que
nós vamos suportar uma Cidade violentada e com a cidadania não respeitada.
Parabéns pela mobilização de vocês. E o nosso
compromisso de que não fique numa reunião e numa foto, como foi falado aqui,
porque não é assim que nós trabalhamos. Podemos não estar no cotidiano, mas
cada um tem uma frente e estamos à disposição para continuar acompanhando, para
que melhorem as condições de vida de vocês. Obrigada.
O SR.
PRESIDENTE (Mauro Zacher): Convido o Conselheiro Tutelar, Rodrigo Reis, para
fazer uso da palavra.
O SR. RODRIGO
REIS: Muito boa-noite a todos. Quero saudar os Vereadores presentes, o Ver.
Mauro Zacher a quem a comunidade procurou para realizar esta Audiência Pública;
cumprimentar o nosso Ver. Mauro Pinheiro, grande parceiro também numa luta do
Conselho Tutelar que tivemos ontem, quando enfrentamos uma batalha na Câmara de
Vereadores, e o Ver. Mauro, a Verª Sofia e o Ver. Dr. Raul foram grandes
parceiros do Conselho Tutelar.
Também lamentar, comunicando a todos o que
aconteceu, hoje, em frente à Escola Garibaldi. Não sei se todos estão sabendo
que um adolescente levou quatro tiros lá. Foi muito chocante. Ele era ex-aluno
da escola. Minha esposa me ligou apavorada - ela é professora da Escola
Garibaldi - que, por numa briga pelo tráfico de drogas, provavelmente, este
menino está entre a vida e a morte.
Lamentar que, mais uma vez, Verª Sofia Cavedon, eu
faço questão de cobrar da SAMU. A SAMU levou 35 minutos para socorrer o
adolescente baleado. Isso não é nada do que aconteceu ontem no Conselho
Tutelar. Só estou fazendo este relato mais por uma questão de desabafo, para
vocês verem como estamos engessados, o Conselho Tutelar. Todo mundo deve ter
olhado e dito que o Conselho Tutelar não faz nada. Eu vou explicar por que as
coisas não funcionam. Ontem, uma mãe foi pedir auxílio no Conselho Tutelar e,
quando chegou lá com a filha, a menina teve um surto por abstinência ao crack. Ligamos, de imediato, para a
SAMU, e a resposta da atendente foi a seguinte: “Nós não vamos agora. Só vou
depois que você chamar a Brigada Militar e me disser o nome do soldado que está
aí”. Desliguei. E como eu já tinha acionado à Brigada Militar para tentar
conter a menina, dez minutos depois da ligação, o 11º Batalhão chegou. Queria
parabenizá-los. Não são só críticas, eles são grandes parceiros nessas nossas
ações, pois, às vezes, precisamos da Brigada Militar, que, em dez minutos,
estava lá.
Retornei a ligação para a SAMU. Trinta e cinco
minutos depois o soldado disse: “Olha, o Capitão vai me matar. A bandidagem
solta, e eu com a viatura parada, na frente do Conselho Tutelar, aguardando a
SAMU”. Liguei para a SAMU, e a resposta foi a seguinte: “Eu não tenho viatura
no momento para te mandar. Tem mais dois na tua frente, tu vais ser o próximo”.
Saímos dali, a Brigada Militar se colocou à disposição, levou a adolescente com
a mãe, na viatura, até o Postão do IAPI para fazer o atendimento lá.
Estamos lá na Câmara de Vereadores, na nossa
batalha - eu já tinha até esquecido do assunto -, quando toca o meu celular:
era o Coordenador do Transporte da SAMU, uma hora e quarenta minutos depois -
eu já estava na Câmara, e já fazia mais de duas horas que eu tinha chamado a
SAMU -, perguntando se eu ainda estava necessitando da ambulância.
Isso é piada! É comédia! Se não fosse trágico,
daria uma boa comédia. Então, solicitamos providências aos nossos Vereadores,
que têm sido atuantes em todas as nossas reivindicações. A Verª Sofia Cavedon,
quando estive na Coordenação da Comissão do Conselho, por um ano e quatro
meses, foi grande parceira nossa na Comissão de Educação. A gente fez vários
trabalhos.
O Conselho Tutelar está tentando trabalhar junto
com a comunidade, nós trabalhamos na prevenção, nós não somos um órgão de
punição. Nós somos um órgão de proteção, nós protegemos crianças e
adolescentes.
Para deixar bem claro que, com o tráfico de drogas,
os adolescentes envolvidos no tráfico, trabalhando de “aviãozinho” ou
consumindo drogas, não é o Conselho Tutelar que vai punir. O Conselho Tutelar
protege, na omissão do Estado e na negligência de pai ou mãe.
Nós estamos à disposição de toda a comunidade ali
na Rua João Inácio, nº 549. O nosso telefone - acho que a grande maioria de
vocês tem - é o 3289-8498, o funcionamento é das oito da manhã às seis da tarde
ou no plantão da noite, que é lá no Centro, quando a situação ainda é pior: é
uma Kombi para toda a Porto Alegre,
são dois Conselheiros para atender toda a Porto Alegre. Então, se eu estou
atendendo uma denúncia aqui no Humaitá, e acontece uma no Lami, eu vou levar,
no mínimo, duas horas para chegar lá. Não é falta de vontade nossa; é, infelizmente,
pelo jeito como está a estrutura. Nós nos colocamos à disposição e alertamos
que estamos preocupados com a falta de segurança, não só aqui no Humaitá, como
em toda a região da Micro 1. Obrigado. (Palmas.)
O SR.
PRESIDENTE (Mauro Zacher): Passo a palavra ao Sr. Luís Miguel Machado,
Vice-Presidente do Garden Park.
O SR. LUÍS
MIGUEL MACHADO: Boa-noite a todos! Além de ser Vice-Presidente do
Garden Park, sou síndico de bloco no Garden Park. Boa-noite à Bancada, achei
muito bom isto estar acontecendo.
O que está acontecendo no nosso Bairro? Eu vejo que
o nosso Bairro está em constante desenvolvimento, só que ele está desenvolvendo
em um aspecto só: econômico. Empresas estão investindo no Bairro, como a Rossi;
será construído o campo do Grêmio, e se fala em grandes empreendimentos. Só que
tem um pequeno detalhe: a gente está sendo esquecido na questão de priorização
de segurança. Eu acho que, se o Bairro está crescendo, outros serviços têm que
crescer também. Está muito fácil, o delinquente caminha com arma, e não é nem
questão de audácia, ele está à vontade; ele está andando no Bairro, ele chega
na parada, assalta um; ele, simplesmente, pula as grades, escala até o quarto
andar - eu acho isso um absurdo -, por quê? Porque ele está se sentindo à vontade.
Foi muito bem colocada aqui a questão de a gente estar se acostumando com uma
coisa que deveria ser incomum e que está se tornando comum. Tornando-se comum,
não; já vem de algum tempo, com o desenvolvimento do nosso Bairro, os
delinquentes vão aonde podem atuar. É o que está acontecendo no nosso Bairro. e
acho que, dentro do planejamento, do desenvolvimento, não está sendo observado
isso. Nós estamos tentando fazer um projeto de segurança lá no Garden Park devido a esses vários acontecimentos que já vêm, há muito tempo,
acontecendo. Eu fui vítima também, fui sequestrado, coisa e tal, aquela coisa
toda, só que tem um detalhe: nós tentamos podar as nossas árvores, porque é uma
escuridão aquilo lá. Além de o nosso condomínio ter um problema de condição geográfica,
porque a gente tem um baita parque na nossa frente, que é muito mal-iluminado e é onde existe a formação de turmas na madrugada toda, ali na
frente, que são os caras que vêm nos assaltar. Não vêm só dali; vêm de outros
bairros também. Só pela condição geográfica, de ter um parque na frente, a
gente deveria ter, não digo uma atenção especial, mas uma atenção devida.
Então, eu acho que a questão do planejamento é ideal.
Primeira coisa: se a gente ligar para a Prefeitura,
como eu fiz, com três protocolos, três anos tentando podar as árvores da frente
do meu prédio, e não consegui. Só que não é questão estética; é questão de
segurança, e a Prefeitura não dá autorização. O engenheiro foi lá e
simplesmente disse: “Não posso dar autorização para vocês”. Não sou um caso
isolado, todos os síndicos tentaram. Está escuro, facilita para o delinquente,
porque ele não quer ser visto.
Outra coisa: iluminação pública. Tem uma lâmpada
queimada na frente da parada, já fiz seis ligações, até agora não veio ninguém.
Quem solicita, por exemplo, no Bairro Menino Deus? Não precisa ninguém ligar,
está queimada, no outro dia os caras estão trocando a lâmpada. Por que aqui é
diferente? Eu acho que está havendo um descaso muito grande com o nosso Bairro,
eu acho que a gente não está sendo enxergado como deveria ser. Além disso, nós
estamos nos mobilizando para tentar fazer um projeto, temos limitações
econômicas, é claro, o pessoal reclama, só que eu não estou sentindo respaldo
na questão segurança, porque eu não vejo - eu falo no que eu vejo - um
policiamento ostensivo. Eu não vejo abordagem, às vezes, de certas pessoas
suspeitas. É às dez horas da manhã, como o nosso amigo falou, é às sete horas,
então, a gente está à mercê. Eu acho que a gente tem que ser enxergado, a gente
tem que ser visto como um Bairro que está crescendo, como um Bairro que,
realmente, o Humaitá é, que não está sendo visto. A gente, simplesmente, está
ali paradinho; todo mundo, parece, está em câmara lenta, mas falam em campo do
Grêmio - se continuar assim, vai piorar. Está piorando, as pessoas estão se
conscientizando e está acontecendo, como aconteceu essa coisa grave. A gente
tem que tomar uma atitude, e não é para amanhã, é para ontem; a gente tem que
tomar uma atitude, a gente tem que dar um jeito nisso aí, não podemos mais
ficar de braços cruzados. (Palmas.)
O SR.
PRESIDENTE (Mauro Zacher): Obrigado,
Luís. Nós não temos mais inscrições. Eu gostaria de escutar a Polícia Civil e a
Brigada Militar, mas eu queria perguntar se alguém da Prefeitura gostaria de se
manifestar em relação à SMAM que foi citada, ou em relação à SMOV. Vão levar as
anotações, é isso?
A Srª Guacyra, da Guarda Municipal, está com a
palavra.
A SRA. GUACYRA
ÁVILA: Boa noite a
todos! Cumprimento a Mesa. Estou representado o Sr. Nereu D’Avila, Secretário
de Direitos Humanos e Segurança Urbana. Como munícipe, eu compartilho com vocês
dessa preocupação com a segurança. Eu moro num bairro distante daqui,
Teresópolis, e lá também vivemos a preocupação com a segurança. Assaltos em
frente a minha casa, agressões, coisas do gênero, principalmente movidos pelo
uso do crack, todas essas drogas que
sabemos que levam à criminalidade.
Eu trago aqui, representando o Município, a
Secretaria dos Direitos Humanos, o trabalho da nossa Guarda Municipal. Agradeço
a Verª Sofia Cavedon, que fez a menção à nossa Guarda Municipal, não digo
esquecida, mas em crescimento. Nós estamos, hoje, com 548 guardas municipais
trabalhando, com atuação em praças e parques. Antes de vir para cá, eu pedi ao
nosso Comandante que me dissesse alguma coisa sobre qual é o nosso trabalho
aqui no Humaitá. Ele me disse que nós temos alarmes em postos de saúde, em
escolas infantis. Temos, no Parque Mascarenhas, um patrulhamento diário na
administração; temos um guarda, enfim. Estamos buscando participar dessa
importante questão, que é prevenção da segurança.
Vocês sabem que a Guarda Municipal foi crida com o
objetivo de preservar patrimônio, monumentos, prédios públicos. Mas, com o
andar da carruagem, nós estamos tendo uma outra atuação, uma atuação em praças
e parques, através do nosso grupamento especial motorizado, que são os
patrulhamentos diários que nós efetuamos. Nós estamos com, aproximadamente, 33
praças e parques patrulhados, entre esses o Parque Mascaranhas. Temos dois
guardas que trabalham aqui na área, que é o Carlos e o Magno, que estão
presentes, vieram a convite, para prestigiar, para apontar o que está sendo
decidido aqui e nos somarmos ao trabalho.
Entendemos, Verª Sofia Cavedon, que isso não pode ficar só no discurso, nas fotografias, nos registros, precisamos, sim, também participar. Estamos fazendo a nossa parte, colocamos à disposição o nosso fone 153, para algum atendimento, alguma necessidade. O nosso patrulhamento é sempre muito ágil, muito rápido. Enfim, queremos ser, sim, mais um agente na construção da nossa segurança como um todo, de todos nós, precisamos disso. Muito obrigada.
O SR.
PRESIDENTE (Mauro Zacher): Eu quero
convidar a fazer parte da Mesa o Ver. Sebastião Melo, Presidente da Câmara
Municipal de Porto Alegre.
O Sr. Alcione, o Maré, está com a palavra.
O SR. ALCIONE
PEREIRA (Maré): Boa noite. Sou conhecido aqui no Parque Humaitá
como Maré, e em todo o complexo da Vila Farrapos e todas as vilas que tem ao
redor. Muitas coisas estão acontecendo, lá. Por exemplo, a Av. Voluntários da
Pátria vai se estender até o Trensurb, pelo que eu soube. Quando eu escrevo no
jornal, eu escrevo pedindo melhorias para a nossa gente. Aqui é uma Região
muito importante, porque é o portal, digamos assim, da entrada da Cidade. Aqui
nós temos o trem, vamos ter um clube grande, com vários prédios. Vamos ter
também muito bandido aqui. Já tem, não é? Já tem, mas vamos ter mais, até
porque vem gente de outros lugares.
Eu queria dizer para o Tenente Sidnei, e ele deve
saber melhor do que eu, que o postinho da Brigada Militar já levou tiro. Então,
atiraram na Brigada Militar. Por que atiraram na Brigada Militar ali? Porque
não tem segurança, não tem ninguém que diga: “Não faz isso, eu sou brigadiano,
eu vou te pegar”. Ninguém faz nada! Eu não sou morador do Humaitá, sou morador
da Vila Farrapos; claro que toda melhoria que houver aqui, no Parque Humaitá,
vai se estender também à Vila Farrapos - acho que vai -, porque é uma rua que
separa os dois Bairros, digamos assim. Então, é uma Região muito importante de
Porto Alegre, e nós temos que ter segurança. Se começar por aqui, vai cair lá,
e lá precisa muito mais, porque, se não houver repressão lá, eles vêm assaltar
aqui, como já foi dito por várias pessoas. E isso não é bom, porque tem famílias,
tem senhoras, tem crianças, tem colégio, tem bares, tem uma série de coisas
aqui, no Parque Humaitá, que são muito importantes para o desenvolvimento da
Região.
Não vou me estender muito, até porque há o jornal
que eu escrevo, em que escrevo tudo o que as pessoas precisam saber. Eu
distribuo sozinho em cada uma das casas. Eu peço, quando escrevo no jornal,
duplicação das avenidas, peço lixeiras públicas, peço telefones públicos, peço
quebra-molas, peço uma série de coisas para o nosso Parque. Só que está
começando agora. Hoje, é a primeira Audiência Pública que acontece e espero,
como disse a Verª Sofia, que não fique só no aplauso. Todos já pediram para que
cobremos dos Vereadores, vamos cobrar; vamos cobrar do Governo, que não quer
aumentar o salário dos brigadianos, não quer dar aumento para os professores,
que estão ameaçando entrar em greve. Então, que Governo é esse que deixa tudo
atirado e que não ajuda a gente? Eu, como morador, vou dar o meu alerta: “Se
vocês fizerem por nós, nós só temos que agradecer.” Muito obrigado. (Palmas.)
O SR.
PRESIDENTE (Mauro Zacher): Muito obrigado, Maré. O Sr. Celso Prestes está com
a palavra.
O SR. CELSO
PRESTES: Eu faço parte da SMAM. Quero colocar àquele cidadão que o nosso
telefone está à disposição. Pode anotar, por favor: 3289-7513. Estou aguardando
a sua ligação, amanhã, até as 9h30min. Muito obrigado. (Palmas.)
O SR.
PRESIDENTE (Mauro Zacher): O Celso, da SMAM, colocou-se à disposição para
resolver essa questão das podas, que é fundamental para a segurança. Repito o
telefone: 3289-7513, ou final 7512.
Vou passar a palavra ao Sr. Cícero Coronas,
representante da Polícia Civil.
O SR. CÍCERO
CORONAS: Primeiro, o meu boa-noite aos componentes da Mesa, em especial à
plateia, que poderia estar em casa, mas está aqui discutindo um assunto
importante, que é a Segurança Pública. Realmente, a criminalidade é muito
grande, haveria muitas reclamações, mas a do cidadão ali me chocou, como
policial civil. Quem vai numa delegacia não vai para tomar um café ou para conversar,
vai porque tem problema, ou no patrimônio, ou por sofrer uma agressão física.
Então, eu me sinto muito mal nessa situação. Peço desculpas ao amigo, e, ao
mesmo tempo, já comunico ao cidadão que o Delegado Flávio Conrado está
gestionando junto à Trensurb, que está trocando suas câmaras. Essas câmaras
atingem mais de dois quilômetros, a Trensurb não está mais usando, são de 15 a
20 câmaras que estão sendo doadas para a 4ª Delegacia de Polícia. Não sabemos
ao certo onde serão colocadas; estão sendo feitos estudos para ver onde há
maior criminalidade na Região, para ver onde serão colocadas. Se alguém da
Associação, ou mesmo algum cidadão, que quiser ir na 4ª Delegacia conversar com
o Delegado Conrado para sugerir onde poderão ser colocadas as câmaras, que, com
certeza, serão colocadas no 4º Distrito. Essa doação do Governo Federal, do
Trensurb, para a Secretaria de Segurança será destinada ao 4º Distrito.
O Delegado Flávio Conrado não compareceu neste
momento, porque ele está na Asdep - Associação dos Delegados de Polícia do Rio
Grande do Sul. Ele havia sido convidado anteriormente. E a Polícia Civil é uma
organização que atua após o acontecimento dos crimes, e cabe a nós começar uma
investigação e elaborar esse inquérito - tem que ser bem elaborado sob pena de
chegar no Judiciário e ser arquivado; isso não pode acontecer. Nós temos
inquéritos com bastante sucesso, aqui no Humaitá, de pessoas da comunidade
ligando e nos dando informação. Temos casos de um cidadão que vinha da Av.
Farrapos, da Rua Paraíba, e assaltava o comércio do bairro Humaitá. As pessoas
nos deram a placa do veículo e, com sucesso, conseguimos localizar esse
cidadão; inclusive ele foi preso. Só que realmente o número é muito grande, nós
temos dois funcionários da investigação, sendo que um é chefe do Setor, ele não
sai do Setor.
Eu morei no bairro Humaitá durante cinco anos, na
Rua Prof° João de Souza Ribeiro, nº 911, conheço o Bairro. Estou há mais de 15
anos no 4º Distrito, sei da criminalidade que acontece. Nós estamos fazendo o
maior esforço possível, mas, infelizmente, o número é muito grande, e não é só
no bairro Humaitá.
E nós precisamos fazer o que o Denarc -
Departamento Estadual de Investigações do Narcotráfico, está fazendo hoje: está
recebendo informações anônimas em todos os momentos, e em todos os momentos
vemos ações do Denarc nos jornais, prendendo A, B ou C. Eles prendem e cada vez
acontece mais tráfico, mas eles estão atuando bastante.
Esses dois casos que contei aqui, de padarias e
farmácias que foram assaltadas, nós conseguimos, com as informações da
comunidade, prender, na semana passada, dois foragidos na Vila Dona Teodora,
porque uma moça estava passando na frente da 4ª Delegacia e disse: “Os dois são
condenados e estão me incomodando”. Eu sei que é difícil alguém ir a uma
delegacia e narrar o fato, porque ninguém é louco, porque depois pode ser
perseguido. Mas a Secretaria de Segurança recebe denúncias anônimas. Se há
furto e há roubo, e alguém sabe o apelido, pelo menos, que denuncie. Isso, para
a Secretaria de Segurança, gera um expediente, e ela tem que responder a esse
expediente.
Quanto às câmeras, eu não vou dizer a data em que
vão ser instaladas, mas já foram doadas, e o processo foi formalizado, só falta
a questão de entregar fisicamente. Elas estão totalmente reformadas. A
Secretaria de Segurança não tinha como fazer a manutenção, mas já conseguimos.
Não sei te dizer se vai alguma câmera para o bairro Humaitá, mas,
provavelmente, se a Associação se mobilizar e conversar com o Delegado Conrado,
eu tenho certeza de que vão colocar câmera aqui. Este é um Bairro que está
crescendo muito. E todos os que moram aqui, eu tenho certeza de que são de
classe média, são pessoas descentes, mas, em volta, há muitas pessoas, a
gurizada que anda de bicicleta, como tu disseste, andam assaltando. Realmente,
as pessoas trabalham, deixam os apartamentos vazios, e acontecem esses crimes.
Quem tiver disposição, mas não quiser ir à
Delegacia, que pelo menos ligue para o Delegado Flávio Conrado, informe o local
de muita criminalidade e solicite uma câmera. Vamos estudar, vamos ver o número
de ocorrências que há naquela Região, e eu tenho certeza de que ele vai ser
sensível em colocar uma câmara.
Peço desculpas, não foi comigo que aconteceu, mas
isso não pode acontecer dentro de um plantão, principalmente porque a pessoa
que comparece em uma Delegacia está com grandes problemas e não pode ser
maltratada. Se alguém fez, merece ser punido.
(Manifestação fora do microfone. Inaudível.)
O SR.
PRESIDENTE (Mauro Zacher): Nós fizemos uma Audiência Pública no bairro São
Geraldo, e lá se iniciou um processo em que a Transurb anunciou a doação de 16
câmeras, que estariam sendo trocadas. Nós desconhecemos a condição dessas
câmeras, é bem possível que estejam em boas condições, porque os aparelhos
usados pela Trensurb são de altíssima qualidade. Então, tendo em mãos essas
câmeras, nós queremos aproveitá-las no Bairro, e eu acho que a gente tem que
instalar nos pontos onde realmente se necessite mais. Então, é uma bela
discussão, é um processo que está encaminhado, e a Associação do 4º Distrito, a
qual presido, está diante disso, e acho que a gente pode construir, pelo menos,
como uma saída, uma solução.
O Sr. Bruno Knob está com a palavra.
O SR. BRUNO
KNOB: Boa-noite a todos e a todas, eu sou da Executiva do Conselho Municipal
de Justiça e Segurança. Quero saudar a coordenação dos trabalhos desta
Audiência: o Ver. Zacher e Presidente da Câmara, Ver. Melo. Quero saudar a
comunidade, na pessoa da Presidente da Associação, e na pessoa do João Fontoura,
que é o nosso representante aqui no Fórum Regional da Justiça e Segurança,
membro do Conselho Municipal; e saudar a plateia. No primeiro momento, quero
afirmar, a Verª Sofia já disse em sua fala, que a comunidade está fazendo a sua
parte. E, de fato, só vai ter consequência a ação dos outros órgãos e dos
outros serviços, com a real presteza e com qualidade, se houver, sim,
mobilização popular. Então, o Conselho parte desse princípio, e na sua
organização, busca, através da participação efetiva, da complementaridade, do
planejamento e do conjunto das entidades, construir, através da fiscalização,
através do monitoramento, a efetiva deliberação e acompanhamento das políticas
públicas realizadas aqui no Município. Foram citadas aqui nesta plenária diversas
situações que envolvem, não só o poder coercitivo da Polícia Civil ou da
Brigada, mas diversas situações que são decorrências da falta, ou do serviço
não oferecido a contento das políticas públicas, independentemente da ação do
policiamento, da repressão. Óbvio que a ação do policiamento, da repressão,
tanto da Civil, quanto da Brigada, é fundamental, mas trabalhamos hoje a
complexidade desse tema. Para o binômio segurança e violência não é mais
possível encontrarmos soluções buscando somente – é central, são fundamentais
as ações das polícias -, responder às necessidades, à precariedade e à situação
em que está colocada a violência e o crime, sem que haja um conjunto de
entidades sentadas na mesma mesa, de uma forma sistemática, permanente, fazendo
as avaliações e buscando as alternativas mais consequentes. Repito: as
alternativas mais consequentes só serão encontradas e serão eficazes se houver,
de fato, a participação da sociedade de forma organizada. As demandas estão
aqui colocadas, a Audiência é fundamental, mas não podemos esperar somente que
as audiências aconteçam, acho que elas mexem, acho que elas dão um espaço de um
olhar mais estratégico, mas nós temos uma estrutura colocada, e essa estrutura
tem que ser valorizada no cotidiano. Eu faço referência aos espaços de reflexão
que são os Fóruns, no próprio Conselho. Não podemos também prescindir da
participação efetiva do espaço da Justiça.
E, por último, quero fazer uma referência de que
também só terá êxito, em que pese uma política que hoje está sendo colocada e
que deve avançar, uma política de Estado, e que o Pronasci - Programa Nacional
de Segurança Cidadã -, aqui em Porto Alegre, já está com ações, e já há
consequências positivas em algumas Regiões da Cidade. Informo que esta Região
do Humaitá já trouxe ao conhecimento do Conselho Municipal um protocolo, uma
intenção de instituir aqui uma praça da juventude, que é um dos projetos do
Pronasci, onde será disponibilizado um conjunto de atividades voltado para a
infância e para a juventude, desde a capacidade de aprendizado para o trabalho,
assim como recreação, lazer e cultura. Claro que é um processo que se está
discutindo, há critérios aqui em Porto Alegre, mas essa sensibilidade para dar
conta de uma ação consequente dessa política social, já está pensado, já foi
demando pelas lideranças aqui do Fórum Regional.
Para finalizar, quero dizer que o Conselho
Municipal é um espaço que só terá êxito na vida, no concreto – assim como os
Fóruns –, se nós conseguirmos fazer com que as instituições possam sentar lado
a lado, e fazer a reflexão, a análise, o olhar, o monitoramento das ações de
forma conjunta. Não há mais espaço para superarmos as questões da violência com
ações individualizadas, ações pontuais; precisamos de ações que tenham
inteligência, estratégia, controle social e participação conjunta, pois o
conjunto da organização da violência se vale de ações estratégicas. Nós temos,
em alguns momentos, ações mais pesadas de violência nas nossas comunidades e
temos ações menores, que se refletem no cotidiano. Mas todas essas ações são
pensadas de forma estratégica. Quem organiza, quem pensa a violência tem
estratégia para pensar a sua ação, e nós precisamos, também, contrapor de uma
forma estratégica e de uma forma articulada.
O SR.
PRESIDENTE (Mauro Zacher): Obrigado. O Tenente Sidnei está com a palavra.
O SR. SIDNEI
QUEIRÓZ NERY: Em primeiro lugar, uma boa-noite. Eu sou o Primeiro-Tenente Sidnei, eu
comando os Pelotões do Bairro Humaitá e Anchieta, aqui representado pelo
Comandante da Companhia, que é o Major Padilha, e o Tenente-Coronel Sérgio, que
é o Comandante do 11º Batalhão. Boa-noite à Mesa e à comunidade em geral.
Bem, senhores, a Brigada Militar, na sua função
primordial, que é o policiamento ostensivo, está diretamente na frente, como
numa guerra, nós estamos na linha de frente. Fazemos a nossa parte, o
policiamento ostensivo, temos abordagens na nossa área, mas, como o próprio
colega falou, da Polícia Civil, as reclamações existem. Assim como nós fazemos
a nossa parte, a Polícia Civil também faz a parte dela, e a comunidade também.
Mas o que acontece? Nós somos um grupo. Eu acho que a comunidade tem que trazer
também essas situações que nós estamos vivendo aqui, trazer as ações, trazer os
problemas para a própria Polícia tomar certas providências.
Eu poderia enumerar vários problemas que nós temos,
como pouco efetivo. A maioria da comunidade está reclamando que não vê o
policiamento ostensivo a pé, que há poucas viaturas; as viaturas não estão
paradas em pontos vitais, mas o acúmulo de ocorrências que acontece, às vezes,
impossibilita certas situações. Reclamações - tivemos ali um cidadão que
reclamou que a viatura levou uma hora; outro já elogiou, dizendo que levou dez
minutos - isso é o nosso cotidiano. Por exemplo, aqui na minha área de ação, eu
tenho uma viatura para praticamente cada bairro, Humaitá e Anchieta, e tem mais
uma viatura também que faz o policiamento de bancos e abordagens em vilas.
Então, quer dizer, elas não param 24 horas, por
isso que, às vezes, a segurança não é só a Brigada Militar. Por isso que nós
temos que trabalhar em grupo. É um síndico reclamando que tem uma árvore grande
que está atrapalhando a visão; a iluminação que a Prefeitura não atendeu; é a
SAMU que levou vários minutos para chegar. Mas todos têm precariedades, todos
têm problemas, são acúmulos de funções dentro de cada área de ação.
Então, eu acho que tudo é um conjunto, é um grupo;
nós temos que trabalhar em grupo. Quando nós trabalhamos em grupo, nós ficamos
fortes. Reclamar, como o cidadão falou ali, é um direito, é válido, porque, às
vezes, a reclamação é construtiva. Às vezes, a gente está deficiente numa
situação, vamos melhorar, mas só com a comunidade trabalhando em conjunto
conosco. A mesma situação eu tenho com uma policial que faz a parte de pró-ética,
que visita as escolas, creches, que faz um trabalho desde a base, porque a
nossa base é desde a criança, do adolescente, porque a maioria das ocorrências
tem envolvimento com drogas. E a droga vai levar, automaticamente, a outros
crimes subsequentes.
Então, por isso vamos nos juntar, a comunidade em
geral, e trazer todos os problemas. As reclamações, como eu falei antes, vão
existir sempre. Eu posso ter cem policiais aqui, e vamos ter sempre os mesmos
problemas, porque quanto mais aumenta a população, maior será o número de
ocorrências.
O Estado - não posso falar pelo Estado, porque eu
faço parte do Estado -, mas o Estado faz a parte dele. Agora mesmo estamos com
a inclusão de novos policiais que, em abril, estão chegando aqui no nosso
Pelotão.
Então, o que eu posso dizer? Do efetivo que eu
tenho aqui, eu falo: além da carga horária, o nosso efetivo faz horas extras;
nós temos operações; o Batalhão solicita operações para o pelotão de choque,
para aumentar a sensação de segurança. Temos grandes eventos, como, por
exemplo, na área do bairro Anchieta, nós temos o Pepsi on Stage, e para cobrir esses eventos, às vezes - eu sou bem
franco em dizer -, não tenho efetivo; é solicitado policiamento, reforço.
E as operações que eu faço, seguidamente, são aqui.
Eu estou há dois meses e meio aqui nesta Companhia, que é a Segunda Companhia,
e já vi grandes problemas, principalmente na área do Humaitá, por exemplo, nas
paradas de ônibus, nos mercados, estamos fazendo um rastreamento de todos os
elementos. Hoje mesmo, ali, na Rua João de Souza Ribeiro, nós pegamos um
motoqueiro, dois elementos armados, às quatro horas da tarde. A viatura do
Patrulhamento Tático Móvel - Patamo - estava fazendo a ronda, estranhou e
abordou. Então, as abordagens estão sendo feitas; estamos fazendo a nossa
parte. A comunidade, claro, diz que não vê policiamento a pé ali, que não vê
uma viatura parada ali. Nós temos praticamente uma viatura parada ali no
Trensurb, estamos em época natalina, então, há bastante movimento. Mas, às
vezes, a viatura não fica muito tempo ali, por quê? Porque as ocorrências
chamam. Então, a população tem que ter conhecimento de que a Policia faz a
parte dela; agora vamos trabalhar junto, a comunidade juntamente com os órgãos
- todos os órgãos -, nós somos um conjunto, desde a Brigada, Polícia Civil,
todo mundo. Vamos trazer estas informações e vamos trabalhar para que a
segurança, pelo menos, apareça. Obrigado.
O SR.
PRESIDENTE (Mauro Zacher): Obrigado, Tenente Sidnei. Passo a palavra ao Ver.
Dr. Raul; depois ao Ver. Mauro Pinheiro; fechando com o Ver. Sebastião Melo.
O SR. DR.
RAUL: Boa-noite a todos, quero cumprimentar o Presidente, Ver. Sebastião
Melo; os colegas Vereadores Mauro Pinheiro, Zacher, Sofia; todas as lideranças
da comunidade, quero dizer que a nossa parceria aqui na Região já vem de quase
30 anos. Como médico, atendendo aqui, e, atualmente, como Vereador, propondo
mais as questões da Saúde, mas não deixando de lado as outras questões. Eu
tenho uma experiência muito grande na Região com relação à segurança, também,
porque o pessoal mais antigo aqui do Humaitá lembra quando a Presidente da
Associação era a Dona Marli, e numa casinha que havia no Parque Mascarenhas
fazíamos o atendimento. Pois é, deixamos de atender a comunidade ali, porque
entravam, roubavam isto, roubavam aquilo. Colocaram alarme, roubaram o alarme;
colocaram janela, roubaram a janela.
Aí, eu atendia na Vila Areia, fui para atender por
dois meses na Vila Areia, atendi lá de oito a dez anos, só saí quando o pessoal
começou a ser deslocado aqui para o bairro Mário Quintana, para vocês terem uma
ideia, houve uma reformulação. Então, estes problemas não são de hoje. Agora,
eu cumprimento o pessoal da Guarda Municipal, da Polícia Civil, da Brigada
Militar, com quem eu falei, com o Comandante-Geral da Brigada Militar, que não
faz muito me disse que precisariam de 33 mil brigadianos no Estado. Nós temos,
para fazer um policiamento razoável, 22 mil; agora entraram mais 3 mil que
estão sendo, como bem falou aqui o Comandante da área, adaptados, capacitados
para prestar um bom serviço à comunidade.
O que mais vejo na área da segurança, e como falou
uma das lideranças aqui, é o projeto conjunto de segurança. Eu acho que já que
as políticas públicas são insuficientes, temos que unir tudo isso. Isso se une
como? Estando juntos realmente, não só no discurso, a Polícia Civil, a Brigada
Militar, a Guarda Municipal e a comunidade, com a força que têm, fazendo as
coisas acontecer.
Eu também queria deixar uma mensagem positiva aqui
para todos, acho que nós temos, na realidade, é que avançar. Nós não vamos
terminar com esses problemas, mas vamos tentar minimizá-los. A gente, que
trabalha há muitos anos na área da Saúde, antes do Conselho Municipal de Saúde,
já começava com a Clínica de Santo Antônio S.A. - Clisa - aqui no Bairro, e lá
se vão 20 e tantos anos - está aqui o Nei, que se lembra de todos que o
antecederam, que estão na luta também na Saúde, e como Vereador também temos
lutado. Por exemplo, quando surgiu a oportunidade para a Região de trazer as
Unidades de Pronto Atendimento - UPAs - 24 horas, eu fui ao Secretário Osmar
Terra, ao Ministro da Saúde – está aqui o Francisco, que não sei se continua
aqui, que sabe disso há mais de um ano – e solicitei, quando perguntado, que
fosse colocado, prioritariamente, lá na Zona Norte, na Av. Baltazar, no Centro
Vida, que é uma comunidade carente muito grande, e aqui no Humaitá-Navegantes.
Ainda sugerimos, na ocasião, que fosse colocada mais uma UPA no Partenon, que é
uma área também muito necessitada, e junto ao Parque Belém, voltada lá para a
Zona Sul.
Então, é bom deixar esta mensagem. Acho que essas
coisas acontecem devagar, mas estão acontecendo. Esta questão das Unidades de
Pronto Atendimento - UPAs -, por exemplo, para vocês terem uma ideia, já foi
publicado o Edital agora em novembro. Devem sair as empresas que vão construir.
Vocês devem estar a par, mas isso é para atender 450, 500 pessoas por dia, não
é um posto de saúde pequeno, é uma grande Unidade de Saúde, que é mais para
emergência, acoplada ao SAMU, do qual foi falado aqui sobre a dificuldade.
Então, tem que ter o SAMU permanentemente ali, que é uma coisa muito importante
para a comunidade, e isso está acontecendo. Estas empresas devem fazer as suas
propostas no dia 6 de janeiro, se não me engano, e, a partir daí, vai ser
escolhida e empresa, que terá 90 dias, pelo contrato, para erguer a obra.
Então, não estamos falando em pouca coisa. Acho importante que a comunidade se
una e também lute por isso, sei que tem lutado e muito, mas acho que tem que
estar ali permanentemente.
A função do Vereador é esta de fiscalizar, de
propor, de estar junto com a comunidade.
Eu queria deixar aqui uma mensagem para finalizar,
já que ninguém falou ainda, acho que não vamos nos ver, de um Feliz Natal e um
bom Ano-Novo para todos, e que a luta vá em frente. Obrigado.
O SR.
PRESIDENTE (Mauro Zacher): Obrigado, Dr. Raul. Por favor, Ver. Mauro Pinheiro
com a palavra.
O SR. MAURO
PINHEIRO: Queria cumprimentar aqui o nosso Presidente da Câmara de Vereadores,
Ver. Sebastião Melo; Ver. Mauro Zacher, que preside a Audiência; a Verª Sofia
Cavedon; o Delegado Cícero; o Tenente Sidnei; os demais representantes; o Ver.
Dr. Raul, que ficou na extensão, e a todos vocês, principalmente parabenizar a
comunidade por ter se deslocado, saído das suas casas, deixado seus momentos de
lazer para estar aqui reivindicando e lutando pelos seus direitos.
Nós sabemos que está previsto na Constituição o
direito à moradia, à educação, à saúde, à segurança e, infelizmente, muitas
vezes, o Estado, que foi criado para nos dar, organizar e administrar aquilo a
que nós temos direito, acaba pecando e não dando tudo aquilo que deveríamos
ter, acaba faltando. Nós, Vereadores, temos como principal função fiscalizar e
fazer isso que nós estamos fazendo aqui, vir até a comunidade, ouvir as
reclamações e tentar, de uma forma ou de outra, levá-las ao Executivo e ao
Estado, e cobrar para que possam solucionar aquelas reivindicações da
comunidade.
Nós, da Câmara de Vereadores, não temos fugido da
nossa responsabilidade, e o Ver. Sebastião Melo, que é o Presidente da nossa
Casa, fez um esforço durante os dois anos de gestão e fez com que a Câmara de
Vereadores estivesse em quase cinquenta comunidades, sem contar às vezes que,
dentro da Câmara, recebemos as pessoas. Então, nós não temos nos eximido das
nossas responsabilidades, estamos sempre presentes em todos os lugares que
podemos estar, mas, infelizmente, não depende só da nossa boa vontade, e até
mesmo o Executivo acaba não tendo condições de executar tudo aquilo que se
quer. A questão de segurança é muito mais do Estado do que Municipal, mas nós
temos procurado fazer isso. A nossa principal função, aqui, hoje, é escutar
vocês e tentar encaminhar os problemas.
Mas nós não podemos deixar, também, de falar na Brigada
Militar. Foi noticiado que mais três mil homens entrarão para a Brigada, só
que, quantos soldados vão sair da Brigada até que esses três mil homens estejam
capacitados para sair nas ruas? Infelizmente, hoje, a Brigada Militar tem pouco
mais de 20 mil homens. A população cresce, a criminalidade cresce e a Brigada
Militar encolhe a cada dia que passa. Todos os dias, nós acompanhamos as
notícias pelos jornais, pela televisão, hoje mesmo, na Assembleia Legislativa,
os brigadianos quase entraram em greve por falta de condições de salários,
falta de viaturas, falta de moradia. Eles são heróis, porque não reclamam
publicamente e nem podem, porque são punidos por causa da hierarquia, da
disciplina militar, mas nós sabemos das dificuldades da Brigada Militar para
atender a população. O que nós queremos é que o Estado priorize realmente
aquilo que nós precisamos. Se precisamos de segurança e educação, nós temos que
cobrar do Estado, para que ele priorize isso. Essa é uma prioridade, então nós
temos que cobrar.
Infelizmente, nós não temos tido uma boa segurança
e não é só no bairro Humaitá. Nesta semana mesma foi noticiado um assalto a uma
joalheria em um shopping center de
Porto Alegre. Então, a questão da segurança começa a piorar a cada dia que
passa. É claro, e eu vou concordar com o pessoal do bairro Humaitá, que a
periferia acaba sendo prejudicada sempre. No bairro Moinhos de Vento se
encontram mais facilmente viaturas; no bairro Menino Deus, como foi colocado,
e, na periferia, sempre é mais difícil.
Eu, além de Vereador, sou comerciante, sou
Presidente da Associação dos Minimercados, e a gente sabe e sente na pele o
quanto é difícil trabalhar sem segurança, tu nunca sabes qual vai ser o teu dia
de ser assaltado/ basta esperar, porque um dia vai ser. Está aqui o Paulo, que
é comerciante do Humaitá, a gente sabe disso. E todo o dia a gente escuta isso,
a reclamação. Mas, infelizmente, a gente continua lutando, brigando, e vocês
têm que continuar fazendo isso, brigando, cobrando. Se os soldados da Brigada
não são suficientes para atender a toda a Cidade, que eles se organizem, que
lutem, para serem um pouco mais. Acho importante o que foi colocado, aqui,
sobre as câmeras que virão da Trensurb; não vão solucionar, não vai ser o
melhor, não é um planejamento que se quer, não é o ideal, mas, se não é o
ideal, a Brigada Militar e a Polícia Civil têm que trabalhar em conjunto com a
comunidade. Tem que ser encaminhado, aqui, para que se tenha, junto com o Fórum
ou o órgão que estiver responsável, junto com os comerciantes, com as
associações, com os síndicos, a escolha dos melhores locais para serem
colocadas as câmeras. Não adianta ter a câmera, se não tiver ninguém
monitorando e qual uma viatura para atender a ocorrência.
Tem que sair daqui, já, hoje, Ver. Mauro Zacher,
uma comissão para organizar essas câmeras. No mínimo isso: organizar uma
comissão para que, junto com a Brigada Militar e a Polícia Civil, faça um
mínimo de planejamento, para que a gente possa usar essas câmeras, ver onde
serão colocadas e como vão funcionar para atuarem junto com a comunidade.
Muito obrigado pela atenção de vocês, nós estamos à
disposição lá no nosso Gabinete, assim como todos os Vereadores da Câmara.
Muito obrigado. (Palmas.)
O SR.
PRESIDENTE (Mauro Zacher): Obrigado, Ver. Mauro Pinheiro. Eu vou pedir para o
nosso Presidente Ver. Sebastião Melo para fazer o encerramento e também
levantar os encaminhamentos e propostas que surgiram aqui nesta reunião. Eu
quero falar, com a maior tranquilidade, que as propostas que são acatadas aqui são
encaminhadas pela Câmara, e nós temos que dar continuidade a este trabalho.
Então, eu vou fazer aqui um chamamento, na verdade, ao Conselho de Segurança,
para que a gente possa unificar outros Conselhos de Segurança da Região, porque
os encaminhamentos, realmente, têm que ser coletivos. Então, por favor,
Sebastião Melo, para encerrar a nossa Audiência.
O SR.
SEBASTIÃO MELO: Muito bem, meus amigos, primeiro, a minha saudação
afetuosa e coletiva aos moradores e moradoras do nosso querido bairro Humaitá, Vila
Farrapos e adjacências. Quero cumprimentar os nossos funcionários da Casa, o
Luiz Afonso, as nossas taquígrafas que sempre muito diligentemente nos
acompanham. A Mesa, aqui, todos os Vereadores puderam falar, e eu me orgulho
muito de presidir uma Câmara que tem Vereadores do quilate destes que estão
aqui, a Sofia, o Mauro Zacher e o Mauro Pinheiro, o Raul, e os outros que não
estão aqui, porque estão em outras atividades. Os Vereadores de Porto Alegre
trabalham muito. Podem se equivocar? Podem! Político é ser humano como qualquer
outro, acerta, erra... Esse negócio de político só acertar não existe, eu não
conheço isto. Eu fiz questão, Mauro, mesmo tendo outras atividades, porque eu
estou encerrando uma caminhada de dois anos, de vir a esta Audiência de hoje,
que simboliza o final de um conjunto de Audiências Públicas que nós produzimos.
E, às vezes, as pessoas não se dão conta e acham que, finalizando uma Audiência
Pública, nada aconteceu. É verdade! Nada aconteceu agora, mas terão
desdobramentos. Eu poderia, aqui, citar um, dois, três, quatro, cinco, seis,
sete, oito, nove, dez Audiências que tiveram bons desdobramentos. Por quê?
Porque tudo isso que está aqui está documentado. E, evidentemente, a partir de
agora, nós vamos encaminhar esses assuntos junto com vocês; não tem nenhuma
chance de nós fazermos isso de forma isolada.
Então, nós adotamos, nos últimos tempos, esse
instrumento de a Câmara ir até os bairros, porque, às vezes, o cidadão comum
não tem tempo, não tem passagem para ir, não é o caso de vocês, mas muita gente
não tem tempo mesmo, durante o dia é difícil... Então é importante que os
Vereadores possam se deslocar. O Vereador, afinal de contas, é o político mais
próximo do cidadão, o Vereador é o cara do dia a dia.
E eu acho que mais importante do que produzir leis,
porque se leis resolvem, estaria tudo resolvido; a gente não precisava nem
estar fazendo reunião, seria tudo com a lei, a Lei maior, que é a Constituição
Federal, e depois com as leis infraconstitucionais, tudo estaria na lei. Então,
se lei resolvesse, o País estava resolvido. Não se resolve isso com leis,
apenas.
Eu acho que nessa questão de Segurança Pública - eu
estou falando para o Delegado, estou falando aqui para a nossa querida e briosa
Brigada Militar, para o nosso Conselho de Segurança -, eu tenho muita clareza
disso: os entes federados precisam trabalhar unificados. Olha, tenho muita
convicção disso. Os Governos Federal, Estadual e Municipal têm que agir nessa
matéria com muita convergência. O Poder Público local tem algumas coisas que
pode fazer: iluminação pública, que vocês listaram aqui, é fator de Segurança
Pública decisiva; cassar alvará desses bares, desses inferninhos da vida que
têm aí vendendo maconha, cocaína, crack
e fazendo bagunça, sim, é Poder local, pode fazer, a SMIC pode fazer isso. E
tem que fazer! Agora, a nossa Guarda Municipal evoluiu, mas ela tem um
contingente pequeno, ela não dá conta sozinha, ela tem limitações, alguns
homens estão armados e outros não. E a nossa Brigada, cá para nós, temos 12 ou
13 mil homens, é o que dizem os nossos especialistas, mesmo com a reposição nós
estamos com dez mil homens a menos, e, mais do que isso, os equipamentos de
Segurança Pública estão muito defasados. Agora, eu acho que Segurança Pública
também se faz numa perfeita interação com as comunidades. Eu acho que, quando
um delegado conhece a sua comunidade, quando o inspetor conhece, quando o
cidadão da Brigada convive com o bairro, a tendência é dar mais certo.
Então, Mauro, eu li atentamente o que tu me
passaste: iluminação, a questão das árvores - e eu vi o cidadão da SMAM
dizendo: “Olha, eu quero que os senhores aportem” -, a questão das câmeras, que
está envolvida com a segurança. Esta questão do posto da Brigada Militar, não
dá tempo para discutir isso agora, mas nós participamos de várias discussões e
isso é muito mais profundo. Eu quero dizer que a Brigada adotou, de um tempo
para cá, não é de hoje, não é de ontem, a questão dos postos; tem tido
dificuldades, porque tem que fazer três, quatro turnos, tem pouco contingente.
Então essa é uma matéria que merece uma discussão mais aprofundada. Claro que
todo o bairro quer ter um posto. Agora não adianta chegar aqui e dizer que vai
ter um posto, que vai retornar o posto, porque já teve aqui um posto.
Bom, e esta Audiência Pública sobre a questão da
Arena do Grêmio, quero dizer para vocês que a Câmara aprovou, no final do ano
passado, mais precisamente no dia 29 de dezembro... É importante vocês saberem
disso, porque na política tem uma coisa chamada versão dos fatos: tem o fato e
tem a versão do fato. E, às vezes, a versão do fato é muito mais poderosa do
que o fato. Chegou à Câmara, lá por novembro ou antes de novembro, um projeto
para fazer mudanças urbanísticas no Internacional e regime urbanístico para a
área do Grêmio, e possibilitar a construção de 19 torres de 72 andares lá no
nosso Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense e aqui também. Pois bem, e isso se
vendeu para a opinião pública – e se eu estiver fazendo um escorregão aqui, eu
peço socorro, mas eu acho que não estou fazendo. A mídia começou a bater, e
quando ela quer dar proteção para alguma coisa, ela dá. Se for em nome do
esporte, então, está dada a proteção. E eu não estou dizendo que está errada ou
que está certa a decisão. Eu só estou dizendo que a Câmara foi colocada num
brete: ou vocês aprovam as mudanças do Internacional e do Grêmio, ou a Copa não
vem para Porto Alegre, e tem endereço certo de quem não deixou vir a Copa: é o
dos 36 Vereadores. Então fizemos um mutirão, alteramos o regime urbanístico daqui
e de lá. E o que acontece num grande empreendimento privado? Isso é lei.
Qualquer empreendimento privado tem que ter mitigações e compensações, não é
verdade? Qualquer um. Quando o BarraShopping foi fazer o seu empreendimento na
Zona Sul, ele teve que fazer a Av. Diário de Noticias, que custou 12 milhões, e
transferir 750 famílias para o bairro Vila Nova. Foi a compensação que ele deu
para poder utilizar um espaço extremamente importante e comercial. É evidente
que ele comprou o terreno. Estou falando sobre as compensações ao Poder
Público. Fez uma ciclovia.
Agora, o Grêmio é uma instituição; o Internacional
é uma instituição. Eu acho que a Audiência Pública tem que sair, e aí temos que
focar o Poder Público, porque o Poder Público não deu dinheiro para essas
instituições, como outros Estados deram - e eu quero dizer que outros Estados
estão aportando recurso público para construir estádio e outras coisas -, eu
acho que o Poder Público vai ter que dizer o que ele vai aportar de
compensações. Porque eu duvido que o Grêmio – estou falando aqui de pés no chão
–, eu duvido que o Grêmio vá fazer compensações. Agora se o Poder Público faz a
mudança, faz o indicativo, e a Copa é importante, eu acho que esse debate é um
belo debate e eu vou estar nele, porque tem que ter compensações. Agora, alguém
tem que pagar essa conta. Se fosse um empreendimento em que o Grêmio fosse dar
compensação para OAS, que vai explorar 30 anos, essa empresa vai ter lucro.
Então nós queremos discutir com essa empresa aqui dentro. Então vamos aumentar
para 35 anos a concessão dela? E nesses cinco anos que ela vai ter a mais, o
que ela irá fazer de compensações?
Portanto, esse debate está aberto, e eu vou estar
nele também.
Então, parabéns, Ver. Mauro. De todos nós,
Vereadores, nenhum Vereador é um Vereador de um bairro. Não, nós somos
Vereadores da Cidade, mas eu tenho que reconhecer que o Ver. Mauro Zacher tem
todo um trabalho aqui no 4º Distrito, e todos nós outros. Eu estou encerrando
uma caminhada de vereança com muito orgulho, mas o Ver. Mauro nos orgulha muito
pelo trabalho que ele tem aqui. O Ver. Mauro se elegeu agora há pouco, vocês
sabem que ele vem do pequeno comércio, muito dedicado, muito competente. Esse
guri vai muito longe! A Verª Sofia Cavedon já está no seu terceiro mandato, nós
vamos dar mais um mandato para ela, depois ela tem que procurar ser Prefeita,
Deputada ou Senadora, e o Ver. Dr. Raul que vocês conhecem há longo tempo, que
é nosso médico competente, comunitário. Aliás, ele diz que começou a trabalhar
há 40 anos, então ele começou a trabalhar com dez anos. É um guri novo! Então
ele se formou em Medicina com 15 anos! (Risos.)
Um abraço ao nosso Delegado Cícero, à nossa Brigada
Militar, ao nosso Adelino, queridíssimo Adelino, tu mereces o nosso aplauso, tu
estás sempre pelo DMLU. Então, transmita um abraço à Direção, porque, às vezes,
alguns órgãos não aparecem, como a EPTC, parece que eles estão lá em “Londres”.
A EPTC está longe da Cidade. Agora o Adelino e outros companheiros aí do
Governo têm sido muito presentes.
Muito obrigado, já falei demais e parabéns, Ver.
Mauro, pela condução dos trabalhos.
O SR.
PRESIDENTE (Mauro Zacher): Muito obrigado. Estão encerrados os trabalhos.
(Encerra-se a Audiência Pública às 21h25min.)
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